8 de jan. de 2012

Garota das palavras escritas

Garota das palavras escritas

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   Fora abandonada pelos pais. Mas não apenas pelos pais, como também por todos de sua intitulada "família", aqueles que se diziam seus amigos e todos os outros seres quem, em condições de vivos, habitavam o seu mundo. Completamente abandonada, ela só tinha as palavras, as águas e os ventos que bagunçavam-lhe as madeixas...Pobre garota, encheu sua bolsa de livros, trançou os fios ruivos e partiu. Levava dentro de si um coração amargo e sem vida. Sua boca, calara. Sua alma, entristecera. Sua essência se diluíra em lágrimas e nada mais restava dela e tampouco para ela. Somente as palavras escritas...
   Nas páginas dos seus livros, ela podia sentir e viver tudo aquilo que sua própria vida lhe privara quando o mundo se esquecera dela. Só as pequenas folhas de papel amarelado faziam sentido naquele momento e salvavam-lhe do abismo que se abrira em seu peito! Mas, até hoje, não se conheceu nada que fosse eterno..E com os seus livros não seria diferente. Conforme as histórias fossem absorvidas por aquela alma morta e entristecida, ela jogava os livros no água para que fossem umedecidos por algo diferente de suas lágrimas!
   Terminou seu último livro e fez com ele o que fizera com todos os outros. E, enquanto observava a capa flutuar na água, sendo levada pela correnteza que o vento, suavemente, provocava, a garota tentou sorrir! Um sorriso gélido e destruído tal qual seu olhar morto. Mas sorriu. A sua vida estava ali, com letras borradas pela água...Ela não tinha nada a perder. Quem sabe, se ela mergulhasse, uma luz surgisse em sua vida? Quem sabe as histórias não se diluíssem na água e se transformassem na história da sua vida?
   E, então, lá foi ela! Tentando salvar seu coração, buscando, nas palavras, o motivo de tamanha desilusão...E, a garota das palavras escritas? Ah, nunca mais se ouviu falar dela. Salvo na semana seguinte, quando um pescador encontrou seu corpo frio e ainda mais ferido que sua alma abandonada.
   

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